Capitulo 3 - Never Stop Dreaming

            Esta noite não ia dormir a casa! Eu sei que a minha mãe não merecia! Por muito que isso me custasse, precisava de uns momentos completamente sozinha…

            Deambulava pelas ruas. Havia famílias a almoçar, mães a empurrar carrinhos de bebés, pais a brincar com os filhos… Fechei os olhos com força, tentado lutar contra as lágrimas que teimavam em sair! Onde está a família perfeita?

            Entrei num dos muitos restaurantes que havia naquela rua. Pedi uma salada e demorei-me a comer! Normalmente, eu riria com a minha mãe e comeria tudo a correr, mas agora nem a minha mãe estava ali, nem eu estava a comer rápido!

            Havia pessoas a entrar e a sair e eu ficava ali, à espera de algo que nem eu sabia o que era…

            Pai!

            Peguei num guardanapo e tirei uma caneta da mochila. Comecei a escrever uma carta para o meu pai:

            “Olá, meu sonhador*

            Então, como está tudo contigo? Espero que melhor do que por estas bandas! Queria tanto dar-te uma boa notícia, mas não a encontro! Nem a ela, nem às palavras corretas para te explicar tudo o que se passa.

            Já reparaste que estou te escrevo num guardanapo? É engraçado… Desde que tu e a mãe se separaram, sempre que te escrevo, perfumo as folhas e todas elas vão acompanhadas por fotografias nossas… Mas esta é diferente!

            Pai, por aqui saiu num jornal que tu consumias drogas!! Isso não só te deita abaixo a ti, como também a mim e à mãe! Luto para que as pessoas me ouçam, mas já pouco consigo fazer! Não quero envolver ninguém nos nossos problemas e por isso não faço amigos!

            Desculpa, apenas estar a dar-te más noticias… Nas outras cartas eu escrevia o contrário do que sentia, para não te preocupares, mas chegou a altura de saberes toda a verdade:

            Todos os amigos de quem te falei não existem, não tenho boas notas e não sou feliz na escola! O único sitio onde realmente consigo sorrir é em casa e só quando a mãe não me enche de perguntas e de notícias tristes….

            Hoje, não vou dormir a casa. Sei que a mãe deve estar muito preocupada, mas é impossível encará-la e não desatar a chorar!

            Vivo um pesadelo!!

            Da tua filhinha*

Beijinhos*

PS: Dá-me rápido uma resposta!

            Fui à mochila, arranquei uma folha de um dos meus cadernos e fiz um envelope, onde coloquei o guardanapo. Quando saí do restaurante, fui a um posto de correios e entreguei o envelope improvisado.

            Depois fiquei o resto da noite a andar pelas ruas.

            Às 2:30 encaminhei-me, novamente para o Central Park, onde me deitei num banco e acabei por adormecer.

            Quando acordei de manhã, estava zonza e doía-me o corpo todo! Levantei-me a custo e dei por mim a dormir num banco de jardim! Veio-me à memória a noite anterior! Estava na hora de ir para casa! Tinha de enfrentar a minha mãe, dizer-lhe que queria ir ter com o meu pai e justificar-me por ter faltado ontem à escola!

            Por tudo o que tinha acontecido, sabia que a minha mãe começaria a chorar, mas adoraria que eu fosse para a Carolina ter com o meu pai.

            Talvez começasse uma vida nova lá! Talvez lá conseguisse fazer amigos! E sempre estaria com o meu sonhador, o meu herói, o meu ídolo!

            Finalmente, encontrava-me em casa… Não havia sinal da minha mãe!

            Fui tomar banho, vesti-me e comecei a fazer a mala.

           

            Eu não ligo muito a modas e não sei que mais… A maior parte da minha roupa eram calças de ganga e t-shirts!

            Quando acabei fiz o almoço para as duas! A minha mãe almoçava sempre em casa!

            14:30! A minha mãe não chegou! Estou a ficar preocupada! Fui ao telemóvel e tinha algumas chamadas dela de ontem e de hoje! Liguei-lhe.

            #Chamada- on#

            - Querida! Onde estás??

            - Em casa! – Respondi com a maior naturalidade possível.

            - Como? Dormiste fora? Estou na polícia! Ainda não podiam ir à tua procura! Estás bem?

            - Mãe!

            - Que se passou?

            - MAE! Ouça-me! Venha para casa!

            - Está bem!

            #Chamada-off#

            Ups! Que fui eu fazer!? Se não me lembrasse de lhe ligar dentro de algum tempo ia ser a pessoa mais procura do estado!

            Finalmente a minha mãe chegou! Atirou-se para cima de mim e abraçou-me!

            - Querida, suspirou!

            - Vamos comer! – disse afugentando-a de mim!

            Enquanto comíamos, tentei encontrar as palavras certas para lhe dizer tudo o que se estava a passar. A minha mãe limitava-se a encher-me de perguntas!

            -Mãe! Preciso de lhe dizer uma coisa!

            - Sim?

            -Quero ir viver com o pai!

            A minha mãe engasgou-se!

            - Tudo bem!

            Fitei os olhos dela e a verdade é que não estava tudo bem, mas ela sabia que eu nunca aguentaria muito mais tempo aqui. Tinha uma vida nova à minha espera na Carolina!

Eu juro que não fiz de propósito! Bem, hoje o meu papá faz anos e eu queria dedicar-lhe este Capitulo!